Lição 11 – Discernimento de Espíritos – Um Dom Imprescindível
1º Trimestre de 2019
ESBOÇO GERAL
I – DISCERNIR E DISCERNIMENTO
II – A ADIVINHADORA DE FILIPOS
III – DESMASCARANDO OS ARDIS DE SATANÁS
O QUE É DISCERNIMENTO
Esequias Soares
Daniele Soares
O discernimento é uma prática espiritual que todo crente deve desenvolver no seu relacionamento com o Senhor. O apóstolo Paulo recomendou aos filipenses que eles crescessem em sabedoria e conhecimento para que pudessem escolher as coisas excelentes. Assim, poderiam viver sem culpa e agradar a Deus até a volta de Cristo (Fp 1.9-11). Ter sabedoria e conhecimento remete a discernir, julgar ou escolher entre duas ou mais opções. O conselho paulino, então, expressa que devemos desenvolver uma reflexão crítica que nos ajude na nossa santificação para sermos melhores servos de Deus e cumprirmos os propósitos divinos na nossa vida.
Praticar o discernimento é reconhecer quando Deus está se comunicando com alguém, ou se é alguma distração. Como escreveu Richard Peace, teólogo e professor de formação espiritual, discernimento é uma maneira para distinguir as diversas vozes, impulsos, conselhos e intuições. Isso não é fácil para aqueles que vivem uma rotina carregada de atividades. A sensibilidade do reconhecimento depende da intimidade que se tem com o Senhor, de quanto se está atento para ouvir e seguir as orientações dadas pelo Espírito Santo (1 Co 2.11-16). Terão dificuldades em identificar a voz divina aqueles que não buscam a presença do Senhor.
O uso do discernimento considera tanto a tomada de decisão em assuntos corriqueiros da vida humana como também o discernimento de espíritos. Há diferentes tipos de discernimentos porque as escolhas também variam. O teólogo A. W. Tozer exemplifica esse ponto no seu artigo “Como o Senhor guia”. Ele classificou quatro tipos de escolhas com que os cristãos se deparam no cotidiano. As duas primeiras estão relacionadas às coisas que foram proibidas ou permitidas por Deus e estão registradas na Bíblia. A terceira é aquela em que usamos o bom senso, a inteligência e a preferência que Deus nos dá. A quarta refere-se aos problemas que não se encaixam nas três anteriores, por isso exigem atuação especial do Senhor para evitar enganos. Independentemente do tipo de escolha, podemos perceber que o Senhor é quem guia em todas elas, seja uma decisão simples ou complicada.
A passagem de 1 Coríntios 12.8-10 fala sobre dons espirituais relacionados ao ato de discernir; são eles: sabedoria, conhecimento e discernimento de espíritos. Seguindo a interpretação dos assembleianos brasileiros, como expresso na Declaração de fé das Assembleias de Deus, “o dom da sabedoria é um recurso extraordinário proveniente do Espírito Santo, cuja finalidade é a solução de problemas igualmente extraordinários” (p. 173). É para resolver algo que está além das condições humanas e que só a intervenção divina soluciona. O outro dom, o do conhecimento, é uma compreensão que também só provém de Deus, manifestada pelo Espírito Santo. Da mesma forma é o discernimento de espíritos: só pelo Espírito Santo é possível identificar as imitações malignas. Esses dons apresentados em 1 Coríntios 12 são aqueles relacionados a situações excepcionais que somente a atuação divina pode solucionar, independentemente do esforço ou da inteligência humana. Na classificação de Tozer, são esses os casos do quarto tipo de escolha.
Nós, que vivemos o período da igreja, temos o privilégio de desfrutar da operação do Espírito Santo no mundo. Podemos ter conhecimento da vontade de Deus porque o Espírito Santo foi dado à igreja e a cada crente para nos guiar em toda a verdade (Jo 16.12-15). Essa atuação é consequência de Pentecostes (At 2). Dessa forma, nossa capacidade de discernir qualquer que seja o caso, algo básico do cotidiano ou uma situação impossível, depende de quanto estamos aptos a escutar a voz divina.
Esse privilégio, no entanto, pode se tornar uma distração que confunde o ato de julgamento da pessoa. Isso ocorre quando se fala que Deus disse algo quando, na verdade, Deus não disse. Embora seja resultado da ação do Espírito Santo, há o risco de subestimar ou superestimar a voz divina, acrescentando ou reduzindo a mensagem conforme a vontade pessoal desejar. Esse tipo de abuso é um perigo porque impede alguns de viverem de maneira que glorifique o nome de Deus, levando outros a desconfiarem da atuação do Espírito Santo e escandalizando outros, que se afastam da presença do Senhor. A manifestação do Espírito Santo é vista com reservas por alguns, que acreditam que as pessoas se deixam dominar pelas emoções. O desafio, então, é deixar que Deus use mente e emoções.
Texto extraído da obra “Batalha Espiritual”, editada pela CPAD.
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