Lição 4 – O Drama de Jó
4º Trimestre de 2020
ESBOÇO DA LIÇÃO
INTRODUÇÃO
I – TRAGÉDIA DE NATUREZA ECONÔMICA
II – TRAGÉDIA DE NATUREZA FAMILIAR
III – TRAGÉDIA DE NATUREZA FÍSICA E PSICOLÓGICA
CONCLUSÃO
OBJETIVO GERAL
Mostrar que Jó manteve sua fidelidade a Deus.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
I – Revelar de que forma as tragédias que se abateram sobre Jó atingiram os seus bens;
II – Explicar de que forma Jó teve sua família destroçada pelos ventos;
III – Demonstrar de que forma Jó teve sua saúde física e mental abalada.
PONTO CENTRAL
O sofrimento se abate sobre o justo.
Querido(a) professor (a), na lição deste domingo estudaremos a respeito do drama de Jó. Ele sofreu perdas profundas que foram capazes de contribuir para o seu conhecimento, ainda maior, de quem era o Todo-Poderoso. O crente em Jesus deve entender que ele não está isento dos sofrimentos deste mundo. Todavia, as dores e as perdas não são capazes de minar a fé que temos nas promessas de Jesus para nós, seus filhos. O cristão precisa saber que, com Jesus, não estamos sozinhos, não devemos ter medo e nem sentimento de culpa, não podemos perder a esperança e devemos crer que Deus nos ama.
Enquanto estivermos neste mundo, seremos atingidos por “ventos” de várias origens, e como Jó, poderemos ter nossa família atingida. Não cessemos de orar por nossa casa, e oferecer sacrifício a Deus por ela. Vejamos o que o comentarista da lição discorre sobre este assunto:
Ventos sobre a Família
por Pastor José Gonçalves
“[…] Estando ainda este falando veio outro e disse: Estando teus filhos e tuas filhas comendo e bebendo vinho, em casa de seu irmão primogênito, eis que um grande vento sobreveio dalém do deserto, e deu nos quatro cantos da casa, a qual caiu sobre os jovens, e morreram; e só eu escapei, para te trazer a nova” (1.18,19). Na série de ataques que Jó havia sofrido até então, nenhum havia sido tão doloroso como esse. Perder bois, jumentas, camelos e até mesmo escravos, que faziam parte das posses dos seus donos, sem dúvida causou-lhe sofrimento e tristeza. Todavia, tudo isso era, de certa forma, suportável. Não eram os seus entes queridos. Entretanto, com a família foi diferente. Ela fazia parte da vida de Jó. No Antigo Oriente, isso também valia para a cultura semita. A ideia de família diferia muito daquela adotada posteriormente na cultura ocidental.
Wolff (2007) mostra a importância antropológica do indivíduo no contexto social do mundo antigo a partir da família judaica. Segundo ele, no antigo Israel, o indivíduo é primeiramente membro da sua família. Ela é chamada casa ou casa paterna. Dessa forma, até quatro gerações podiam conviver nessa grande família. Wolff (2007, p. 324) lembra que, nessa grande família,
além dos homens, há as mulheres associadas por casamento e as filhas não casadas, ademais escravos e escravas, agregados e trabalhadores estrangeiros. Se considerarmos que o número de filhos era grande, de modo que um israelita com 20 anos facilmente era pai, com 40 anos, avô e com 60 anos, bisavô e que os irmãos mais novos do chefe da família, junto com seus descendentes, podiam fazer parte da grande família, entendemos facilmente que essa grande família fornecesse 50 homens ao exército (1 Sm 8.12).
Em segundo lugar, as grandes famílias são membros de um clã. Wolff (p. 324) destaca que, à luz do registro bíblico, cerca de 20 famílias formavam um clã. A chefia desse clã estava a cargo dos anciãos, que também exerciam jurisdição (1 Rs 21.8ss.). Em terceiro lugar, o clã estava unido a uma tribo. As tribos formavam uma comunidade que morava com os seus clãs na mesma região. À frente de cada tribo, havia um príncipe. Em quarto lugar, a comunidade das tribos chamava-se “Israel” ou “casa de Israel”. Essa “casa de Israel”, como o povo de Iavé, formava uma unidade. No período tribal, um “juiz” com capacidade carismática libertava o povo. Em quinto lugar, no período monárquico, ao qual Wolff (p. 325) denomina de período estatal, a instância jurídica suprema era ocupada pelo rei.
Essa estruturação familiar no contexto do antigo Israel, evidentemente quando vista no seu estágio mais primitivo, sem dúvidas mantinha alguma similaridade com a família vivida nos dias de Jó. Isso permite termos uma noção do quanto Jó sofreu ao perder de uma só vez todos os seus filhos. O homem que sempre viveu em família agora passa a viver sozinho. A cada ataque, a situação ficava cada vez mais dramática, e o sofrimento de Jó só crescia.
Assim como o “fogo do céu” caiu para destruir a fazenda de Jó, um “tornado satanicamente orientado” (Champlin, 2001, p. 1868) foi arremessado contra a sua família. Craig Keener (2018) acredita que há base bíblica para afirmar que, sob certas circunstâncias e quando tem permissão para isso, Satanás exerce influência sobre fenômenos naturais, como, por exemplo, provocar o “vento do deserto” (Jó 1.18,19). Keener (2018, p. 206) narra um fato em que um fenômeno aparentemente natural (a queda de uma árvore) teria destruído a sua vida e a de outras pessoas se Deus não os tivesse protegido. Mesmo em se tratando de um fenômeno aparentemente natural, Keener diz não ter dúvidas de que o Diabo estava por trás daquela ação. Segundo ele, a sua convicção sobre esse fato foi formada a partir da leitura do livro de Jó.
Então certo dia estava lendo Jó 1 no hebraico na minha devocional, e subitamente captei o que havia lido muitas vezes antes: Satanás enviou um vento forte, fazendo uma casa ruir sobre os filhos de Jó (Jó 1.12,19). Eu havia escrito um comentário de Apocalipse, em que uma figura maligna traz fogo do céu (Ap 13.13). Mas de algum modo isso havia permanecido desconectado de minha teologia sobre o real poder do mal.i
O que essas narrativas do livro de Jó mostram é que não podemos subestimar as forças malignas. O fato é que o maligno, mesmo que de forma limitada, pode causar danos físicos e materiais sob certas circunstâncias. Por outro lado, também não se pode superestimá-las. O que não deve ser esquecido é que, sob quaisquer circunstâncias, quem teme a Deus estará sempre protegido. Essa maneira de enxergar as coisas evita a presunção de achar que Satanás é um ser inoperante, que não oferece mais nenhum risco (ver 2 Co 2.11; Lc 22.31-34). Isso também evita que se caia num dualismo, onde Deus e Satanás estão medindo forças um com o outro em pé de igualdade. Como já foi demonstrado nesse texto, o Diabo é um ser criado. Não é autoexistente, nem onipotente e muito menos todo-poderoso. Somente Deus detém esses atributos.
“[…] e disse: Nu saí do ventre de minha mãe e nu tornarei para lá; o Senhor o deu e o Senhor o tomou; bendito seja o nome do Senhor. Em tudo isto Jó não pecou, nem atribuiu a Deus falta alguma” (1.21-22). Os ventos soprados por Satanás sobre os negócios de Jó e a sua família, sem dúvida, além de terem um poder devastador, também foram avassaladores. O objetivo era ver o patriarca blasfemar de Deus. Mesmo diante de tanto sofrimento, Jó não blasfemou de Deus. “Jó demonstrou que é possível a devoção sem receber nada em troca. É possível a fidelidade a Deus à parte das bênçãos divinas. O que Deus havia falado sobre Jó era verdade” (Zuck, 1981, p. 21). Jó creu que Deus estava no controle e que, portanto, deveria submeter-se à vontade soberana dEle. Deus, portanto, deveria continuar sendo louvado.
Texto extraído da obra “A Fragilidade Humana e a Soberania Divina: O Sofrimento e a Restauração de Jó”.
Deus abençoe a sua aula e os seus alunos!
Verônica Araujo
Setor de Educação Cristã
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