Lição 5 – A Instituição da Monarquia em Israel

4º Trimestre de 2019

ESBOÇO GERAL
I – POR QUE A MONARQUIA 
II – A ESCOLHA DE SAUL COMO REI
III – O REI QUE O POVO ESCOLHEU 

Um Sentimento de Orgulho Nacional

Osiel Gomes

Uma leitura geral do capítulo 8 de 1 Samuel esclarece alguns porquês que levaram o povo a solicitar a monarquia. Mas vale evidenciar que os críticos acreditam e aludem que tanto esse texto como os capítulos 10 a 12 na verdade tratam de uma narrativa que se segue à implantação da monarquia, e que o que se poderia ter então aqui é uma crítica histórica que se faz a essa instituição.

Podemos dizer que a monarquia terá diversas causas no processo histórico da existência do povo de Deus. Na época dos juízes, o quadro é de total celeuma, anarquia, falta de autoridade (Jz 21.25) e, dentro do próprio sistema dos juízes, já havia em boa parte do povo o desejo por uma liderança centralizada. Isso se comprova porque o povo solicitou que Gideão fosse o líder deles (Jz 8.22,23).

Alguns biblistas, especialmente aqueles que trabalham com o Antigo Testamento, apontam que havia uma falta de consenso quanto à questão da monarquia, pois alguns dentre os judeus achavam que isso era certo e bom, ter um só líder que pudesse estar à frente do povo de Deus. Através da implantação da monarquia, segundo a visão de alguns, a concentração e a unificação de Israel se dariam de maneira mais fácil, sobretudo com um líder capaz de organizar uma força militar poderosa, uma adoração centralizada, dando proteção a todos. Essa instituição era imprescindível, mas, para outros, não era necessário. Assim pensava Samuel.

Sendo ou não correta a implantação da monarquia, o desejo de um líder com poder centralizado já era grande e o que vai colocar mais lenha na fogueira são algumas causas externas. Uma delas é a velhice de Samuel. Ele, que foi a grande esperança de todos, que conseguiu colocar Israel no eixo da vontade divina, estava se apagando. Muitos temiam surgir uma liderança como fora a de Eli, por isso todos se empenharam em buscar um rei que lhes desse proteção e estabilidade.

Hermeneuticamente não é fácil explicar Deuteronômio 17.14,15, posto que, na opinião de muitos estudiosos, o que se percebe pela sua leitura é uma monarquia antecipada da parte de Deus, a qual seria implantada no seu momento certo. Não há dúvidas de que o Senhor desejava a monarquia, mas nela Deus seria o rei que escolhia um humano para estar à frente do seu povo.

No geral, ocorre que o povo, já tendo o desejo de ter um rei, procurava se aproveitar de qualquer circunstância para que esse projeto viesse a ser consolidado. Assim, diante da velhice de Samuel e da vida corrupta que seus filhos levavam, foi formada uma comissão para ter com esse juiz e solicitar a implantação da monarquia.

No que tange à comitiva que foi falar com Samuel, que o texto diz que eram os anciãos de Israel, na verdade tratava-se de líderes de famílias, tribos, ou os principais da cidade que tinham autoridade. Eles formavam um tipo de assembleia geral. Esse tipo de ajuntamento não era algo novo no momento. Estava presente quando Moisés foi enviado para libertar os israelitas do poder de faraó (Êx 3.16). Por causa da casa de Eli, Samuel reviveu na mente deles o procedimento maléfico dos filhos do sacerdote, de maneira que temeram que toda aquela situação antiga viesse à tona outra vez.

Essa comitiva viu Samuel como um bom juiz, mas não acreditava em seus filhos. Entendia-se que agora havia chegado o momento de acabar de vez com o sistema dos juízes, posto que eles eram sempre falhos, vulneráveis, pecaminosos, não inspiravam confiança, e por isso disseram: “Dá-nos um rei”.

Nada poderia justificar esse pedido feito pela assembleia geral, primeiro porque estava se esquecendo que os juízes que surgiam vinham por meio de uma aprovação divina e, em segundo lugar, ainda que a monarquia fosse implantada, ela seria dirigida por homens pecaminosos também.

O âmago do pedido está revelado quando os israelitas dizem que querem um rei como tinham todas as demais nações. Nesse particular, estavam colocando-se no nível daqueles pagãos, que não tinham compromisso com Deus, eram independentes. Samuel não aprovou o pedido, posto que eles queriam ser como as nações pecaminosas.

A questão de querer uma monarquia não era pecado, pois se teria muitas vantagens na concentração de um poder unificado em torno da autoridade de um homem, em tempos de constantes guerras. Porém, a grande questão é que o próprio povo que pede um rei era pecaminoso, só se voltava para Deus em momentos de grandes crises, desespero, e foi nesse momento que solicitaram um rei.

O pedido da assembleia não soou bem aos ouvidos de Samuel, que entendia que se estava rejeitando a teocracia em razão da monarquia. Todavia, nesse particular, foi um pouco flexível, pois entendia que havia perigo nos dois lados: no sistema dos juízes, os homens pecavam e a monarquia seria dirigida também por homens; ele então vai buscar uma orientação divina, o que dará oportunidade para a monarquia. O historiador Flávio Josefo diz que esse pedido incomodou Samuel, o qual passou a noite toda em oração. Orar em momentos de grandes decisões e crises é fundamental para o cristão e, como falou Tiago, a oração do justo pode muito em seus efeitos (Tg 5.16).

Deus respondeu a Samuel dizendo que permitiria o estabelecimento da monarquia. É claro, essa concessão da parte divina não é porque Ele entendesse ser o melhor para Israel, posto que muitos reis irão ser pecadores, infligidores de leis, corruptos, porém, frente ao que vinha acontecendo, no caso dos juízes (Jz 17.6; 21.25), esse novo sistema poderia ser uma nova chance de melhora para a nação.

Podemos dizer que o propósito especial da parte de Deus foi antecipado pelo povo, de maneira que o ideal foi sacrificado, mas isso iria acontecer porque faria parte do processo da formação de Israel, para que todos entendessem que um bom governo, sucesso, paz, não se encontram no homem ou na forma do sistema político, mas somente em Deus.

Novo Comentário da Bíblia, falando desse pedido e da implantação da monarquia, expressa:

Mas a perversidade e a fraqueza dos homens levaram à desobediência, ao fracasso. Só em presença do perigo é que o povo dava ouvidos às mensagens do Senhor. Agora, levado por um sentimento de orgulho nacional, vai pedir um rei. A monarquia, no fim de contas, nos destinos da Providência, tinha por objetivo dar ao povo eleito uma ideia do reinado messiânico. Mas, se tivessem seguido fielmente a Deus, tornava-se dispensável a presença dum rei terreno.1

Conforme a citação acima, entendemos então o porquê de Deus permitir a monarquia, para imprimir no povo um ideal messiânico, pois é a partir desse momento que se pode entender que o texto de Deuteronômio seria escatológico, apontando para Jesus Cristo, o rei ideal, o qual sairia da casa de Davi.

Texto extraído da obra “Tempo, Bens e Talentos”, editada pela CPAD.


1 F. Davidson (ed.). Novo Comentário da Bíblia. São Paulo: Vida Nova, 1997, p. 307.


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Videoaula – Pastor Osiel Gomes

Fonte: Portal da Escola Dominical via CPAD News